quinta-feira, setembro 25, 2008



Persepolis - Marjane Satrapi

Persepolis trata-se da banda desenhada autobiográfica da iraniana Marjane Satrapi. O livro encontra-se à venda na FNAC (em inglês) e é constituído por duas partes, The Story of a Chilhood e The Story of a Return, não tendo interesse ler uma parte sem a outra (um pouco à semelhança de Maus de Art Spigelman). Na primeira parte Marjane forma a sua identidade por entre as contradições do que a sua família representa na luta pela liberdade e do que ela absorve na escola e no mundo exterior. Uma vez que Marjane se torna numa jovem demasiado rebelde para o regime instaurado e incapaz de conter os seus valores de igualdade/justiça, os seus pais, numa tentativa de salvá-la de uma provável execução/tortura, enviam-na para um colégio francês em Viena de Áustria. A nova vida de Marjane revela-se um pesadelo, com a sua incapacidade de se adaptar ao estilo europeu mantendo a identidade iraniana. Na segunda parte do livro Marjane volta para o Irão para junto da família, mas as contradições continuam e ela tem de aprender a viver de novo com o véu e com o regime repressivo.
O livro é muito interessante mas ao mesmo tempo muito deprimente, mesmo com todo o humor derivado da ridicularização da vida no Irão (os mártires, o véu, a guerra contra o Iraque, etc.). Mas dentro do que é a história de guerra e opressão religiosa num país que outrora tinha sido tão rico e culturalmente inteligente, dificilmente se teria conseguido uma história mais bem disposta, uma vez que temos acesso ao crescimento de uma pessoa num ambiente que nos é tantas vezes mostrado apenas na perspectiva ocidentalizada. Vi o filme correspondente há pouco tempo e achei-o muito bem conseguido, e talvez devido ao factor surpresa gostei mais do filme do que o livro.

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