segunda-feira, setembro 01, 2008


Eric Weiner – A Geografia da Felicidade

À primeira vista parece um livro lamechas sobre a busca da felicidade. Eric Weiner resolveu fazer uma viagem pelas diferentes sociedades e para tentar entender o que realmente torna uma sociedade feliz. Os países escolhidos foram a Holanda, a Suiça, o Butão, o Qatar, a Islândia, a Moldávia, a Tailândia, a Grã-Bretanha, a Índia e os EUA. Eric não visitou os países onde as necessidades básicas do cidadão não são satisfeitas porque aí obviamente que não há grande felicidade. Comprei este livro porque tive curiosidade sobre o que Eric Weiner tinha a dizer sobre a Grã-Bretanha.

O livro conquista qualquer pessoa que goste de literatura de viagens, especialmente porque os países escolhidos são tão diferentes uns dos outros. É como viajar sem sair de casa. Por outro lado, estamos a viajar dentro da mente de um jornalista americano com todas as implicações que isso acarreta, como a subjectividade e a dificuldade em livrar-se de estereótipos. Em muitos destes países Eric não passa tempo suficiente para fazer uma análise fidedigna. Notamos isso relativamente à Grã-bretanha. Apesar de todas estas limitações vale a pena ler o livro. Quando o terminei fiquei insatisfeita com o fim da “viagem”, gostaria que Eric fosse a mais locais interagir com as pessoas e confrontá-las com o seu modo de vida.

Em relação ao tema da “felicidade”, Eric faz um bom trabalho porque não se deixa cair no âmbito da “auto-ajuda” do género “aprendam com estes ou aqueles porque eles é que sabem”. Como jornalista que é, Eric tenta recorrer a fontes credíveis (universidades) para obter dados sobre a satisfação pessoal das populações. A interacção com pessoas que o possam elucidar mais sobre cada país também faz parte da pesquisa de Eric, apesar de em alguns países não seja fácil. Resumindo um pouco o que Eric andou a fazer:

Na Holanda, teve acesso à base de dados sobre felicidade da Universidade de Roterdão que interpretou com ajuda dos investigadores, descobrindo que no mundo a maioria das pessoas é feliz.
Na Suiça Eric andou nos melhores transportes públicos do mundo e conversou com pessoas que não se importam com a quantidade de regras a que estão sujeitos, como a de não poder utilizar o autoclismo depois das 24h.
No Butão Eric sentiu-se inebriado pela atmosfera montanhosa e tentou descobrir como é que um país tão pouco “civilizado” está num dos primeiros lugares do ranking da felicidade. Descobriu que no Butão é mais importante na política a medição do FIB (Felicidade Interna Bruta) do que o PIB.
O Qatar, um dos países mais ricos do mundo, sem impostos e com uma data de regalias (os habitantes são todos ricos), Eric descobriu que o país anda a tentar comprar uma identidade e uma cultura.
Na Islândia, Eric provou a especialidade Tubarão Podre e ia morrendo com a experiência. Eric adorou o espírito cultural e artístico dos islandeses e a capacidade de resistência à escuridão auxiliada pelo álcool.
Na Moldávia Eric descobriu que o melhor que o país tem é a fruta fresca.
Na Tailândia andam todos num estado de relaxamento e as preocupações são postas sempre em último lugar no ranking dos pensamentos. Os problemas são adiados e escondidos.
Na Grã-Bretanha Eric visita a cidade votada como a mais deprimente do país, Slough, e tentou descobrir os resultados deu um Reality Show em que ensinavam técnicas para que os habitantes de Slough fossem mais felizes.
Eric viveu vários anos na Índia devido à sua profissão. Neste livro Eric fala de como a espiritualidade contribui para a felicidade dos indianos e de como a imprevisivelmente atrai todos os anos pessoas de todo o mundo para um país com tanta pobreza.
Por fim, Eric volta para os EUA e tenta analisar como tem contribuído o poder do país para o bem-estar das pessoas.

Links:

Ranking da felicidade pela Universidade de Leicester
: Portugal não está muito bem classificado…

1 comentário:

Anónimo disse...

Parece que hoje começam a surgir muitos ensaios sobre a felicidade, tais são as preocupações do homem depois de ter atingido a satisfação das necessidades essenciais. Mas este livro é de uma graciosidade inteligente e é honesto, conduz-nos por diversos países onde o autor - jornalista faz experiências temporárias de vida. As diversidades físicas e culturais são tão grandes, as percepções das dificuldades são tão diferenciadas,
para no final se concluir que não queremos viver em paraísos, nenhum homem gostaria de viver uma vida inteira de felicidade, a felicidade é relativa, é substantiva, conjuga-se com os outros, está inteiramente ligada com os outros, por isso para o professor butanês o amor está em primeiro lugar. Deixo algumas notas:
- A confiança é um pré- requisito para a felicidade.
-A crença em qualquer coisa- não é necessariamente uma religião dogmática, antes um sistema de crenças, acreditar por exemplo nos direitos humanos, na democracia, etc.
-O prazer da ambição é efémero, a felicidade diminui com o passar do tempo, à medida que me for sentido cativo da passadeira hedónica, vou desejar mais.
- Uma pitada de auto- ilusão é um ingrediente bom para a felicidade, funciona com os islandeses.
- Toda a religião pode ser uma confusão mental. Não é aquilo que acreditamos que nos faz felizes, mas o acto de acreditar, seja naquilo que for.
- Os refugiados hedónicos, aqueles que perceberam em qualquer momento que nas-
- Adaptação cultural. Culturas individualistas, como dos estados Unidos valorizam mais a satisfação pessoal, contrariamente à cultura do Japão e de outros países confucionistas que valorizam mais a harmonia social do que a felicidade de uma pessoa.
- A medida de uma sociedade, é a eficácia com que ela transforma a dor e o sofrimento numa coisa que valha a pena. Não é a maneira de a evitar, mas sim de transformar – disse-o Nietzsche.

Kivi