domingo, dezembro 17, 2006

Everyman – Philip Roth

Depois de ler A Mancha Humana (também recomendado neste blog), fiquei com uma vontade irreprimível de ler o último livro do Philip Roth, ainda não traduzido (mas não deve faltar muito, penso eu). Mais uma vez, não é um livro particularmente alegre e fácil, mas é extraordinariamente sincero e fala da experiência comum a todos que é o nosso corpo físico e os problemas que inevitavelmente o envelhecimento traz.
Everyman narra a história de um homem obcecado com a morte, e termina precisamente nesse acontecimento inevitável. Encarar a sua própria morte é insuportável ao protagonista que, para tentar adiar o mais possível essa tragédia, acaba por tomar uma série de decisões que só o isolam das pessoas que se importam com ele, em nome de uma segurança fictícia.
O everyman deste livro é um homem frustrado pelo facto de o seu corpo, que um dia foi tão saudável e aparentemente invulnerável como o de qualquer jovem, o desiludir continuamente com problemas de saúde uns atrás dos outros, e isto muito antes da velhice propriamente dita. É um homem que lamenta as decisões que tomou mas não pode voltar atrás, e que se tornou naquilo que nunca quis ser.
No fundo a ideia com que ficamos no fim é de que a vida é apenas aquilo que é, incluindo a velhice, a doença, a dor, e a morte. Mas é também o que fazemos dela e as escolhas que tomamos. O melhor que podemos fazer é aproveitar o melhor possível o tempo que temos e a saúde que temos, porque ambos vão acabar mais cedo ou mais tarde. Ou seja, o melhor que podemos fazer é, parafraseando um spot publicitário, gostarmos da vida como ela é.