domingo, maio 17, 2009



A Solidão dos Números Primos
Paulo Giordano

Dois jovens que sofreram um episódio traumático na sua infância vêm na adolescência a cruzar acidentalmente as suas vidas e a ficaram próximos, sem todavia conseguirem unir-se. Sendo o autor um jovem doutorado em Física, a sua formação científica pontua este seu romance, orientado que é pela metáfora dos números primos e dos primos gémeos. É assim que escreve “São pares de números próximos um do outro, aliás quase próximos, pois entre eles existe um número par que os impede de se tocarem realmente…números, por exemplo, 11 e 13, 17 e 19, 41 e 43…descobrem-se números primos cada vez mais isolados, perdidos naquele espaço silencioso e cadenciado feito apenas de cifras e nota-se o pressentimento angustiante de que os pares encontrados até aí foram um facto acidental, cujo verdadeiro destino é o de ficarem sozinhos…”Alice e Mattia vivem também a sua solidão e com registos de desadaptação diferenciada, ela procurando atenção, ele fugindo de qualquer contacto social. Estão tão próximos, sós e perdidos, mas não o suficiente para se tocarem. É uma história muito original, que regista episódios ocorridos na infância que normalmente são ocultados e que atravessa os tormentos da adolescência: a procura incessante da aceitação, a rejeição da imagem física, a somatização da ansiedade no corpo mutilado, a anorexia, etc. Depois é um livro que está bem escrito, sugestivo e que se lê muito bem. Gostei.

Kivi