terça-feira, agosto 05, 2008

Os livros que vou levar para férias

Férias sem livros não são férias.

É claro que as férias não são assim tão grandes e há outras coisas para fazer; como sempre não vou conseguir ler todos os livros que levo, mas pelo menos assim tenho escolha.

Amor, Sexo e Tragédia - Simon Goldhill

Porque é que os clássicos são importantes? De que forma é que a nossa civilização se baseia nas civilizações grega e romana, e em que aspectos é que é fundamentalmente diferente? Qual a importância da tradição judaico-cristã?

Recentemente durante uma conversa ouvi uma opinião que me perturbou: alguém disse que hoje a História já não é necessária; que como vivemos numa civilização tecnológica e democrática, não precisamos de História para nada. Eu acho que, muito pelo contrário, é importante compreender o passado para entender alguns dos problemas que enfrentamos hoje, ou a forma como as concepções morais evoluíram ao longo do tempo.

The Fall: The evidence for a Golden Age, 6,000 years of insanity, and the dawning of a new era - Steve Taylor (O Books)

Este livro foi-me recomendado por um professor de Pré-História, que é de opinião que os povos pré-históricos não eram assim tão bárbaros como nós pensamos, e que a civilização, por outro lado, embora nos tenha dado numerosos benefícios, também trouxe consigo flagelos e desigualdades que antes não existiam, tais como a escravatura (da qual só recentemente nos livrámos, e não em todo o mundo), a exploração das mulheres pelos homens e das pessoas sem posses pelas com posses, as religiões opressivas, os tabus em relação ao sexo, a noção de pecado, etc, etc, etc. Este autor pretende demonstrar que as sociedades pré-civilizacionais eram mais igualitárias, e encaravam o sexo, a menstruação, e outros aspectos da nossa biologia de forma mais natural. Parece-me interessantíssimo.

A Mente à Noite: porque e como sonhamos - Andrea Rock (Caleidoscópio)

Geralmente este livro está arrumado na psicologia, mas no outro dia vi-o na secção de "esoterismo" - sem dúvida porque fala de sonhos, e como toda a gente sabe, os sonhos são uma coisa assim a modos que esotérica.

O título original não deixa margem para dúvidas: "The Mind at Night: The New Science of How and Why We Dream" revela que se trata de um livro científico sobre o tema. O que mais me cativou foi que quando o folheei, dei com uma passagem sobre uma experiência em que era pedido a pessoas que nunca tinham jogado tetris que jogassem durante algum tempo e depois a maior parte delas referia ter sonhado com peças de tetris a cair. Como isso já me aconteceu (e não só com jogos de computador - pode acontecer com qualquer actividade à qual o cérebro tem necessidade de se adaptar) fiquei logo fascinada. Espero que seja interessante.


The Olympic Games: The first thousand years - M. I. Finley, H. W. Pleket (Dover Publications)

Enquanto não começam os jogos olímpicos, é sempre interessante saber como eram os jogos olímpicos da Antiguidade. Do que eu sei acho que era uma data de homens todos nus a correr e a jogar boxe. Não devo estar muito enganada.

Ah, e é ilustrado.

The End of Faith - Sam Harris (Free Press)

Sam Harris diz que começou a escrever este livro a 12 de Setembro de 2001. Acho que isso se nota no tom, que não é particularmente subtil. A ideia geral é que a religião em si é um problema para a humanidade, e que o fundamentalismo é só a forma mais extrema desse problema. As 3 grandes religiões monoteístas, em particular, cada uma com o seu monopólio da verdade, jamais poderão ser reconciliadas, funcionando como veículos de transmissão de ódios ancestrais e como obstáculos à paz, ao desenvolvimento e, pelos menos no caso dos países teocráticos, um obstáculo aos mais básicos direitos humanos.

Nos últimos tempos houve vários livros decididamente ateístas, uma vaga que já foi chamada de "novo ateísmo" (o Ian McEwan, numa entrevista ao The New Republic, disse que se passa com a expressão: novo porquê? Sempre houve ateus desde que existem religiões). Simplesmente houve uma vaga de livros bastante bons sobre o tema: A Desilusão de Deus - Richard Dawkins, Quebrar o Feitiço - Daniel C. Dennett, ou Deus não é Grande - Christopher Hitchens são os melhores exemplos, aos quais se junta este O Fim da Fé (também já está traduzido, mas como sempre a edição em português é mais cara, por isso compensa comprar o original).

O que é engraçado é que até agora (ainda só li um capítulo) parece mais um livro sobre neurociência, e não é por acaso. É que o Sam Harris está a fazer um doutoramento sobre as a neurologia das crenças, utilizando imagens de ressonância magnética.

Até agora estou a gostar, acho que vai valer a pena.


E é isto. Ultimamente estou numa fase de ler apenas não-ficção, como se pode ver. Provavelmente um dia destes passa-me.

Ou não.

Boas férias e boas leituras!

1 comentário:

Noname disse...

Gostava de ler esse livro dos sonhos. Eu ando com o "Cérebro de Broca" de Sagan e o light "O Enigma de Paris" de Pablo de Santis. A Kivi anda a ler Mário Cláudio e já acabou o "A Conspiração Contra a América".