segunda-feira, setembro 05, 2011


Cândido

Voltaire

Cândido ou o Optimismo, é um clássico da literatura publicado em 1759 por Voltaire e que deve ser lida à luz do espírito do iluminismo da época. É um livro muito irónico e é sempre em tom satírico, que são narradas as aventuras de um jovem simples, de raciocínio justo, uma espécie de D. Quixote, que se vai desiludindo nas aventuras que vai passando por todo o mundo, incluindo Portugal onde passa pela Inquisição e o utópico Eldourado na Américado Sul, o único lugar onde há bondade e onde a riqueza não tem qualquer importância. É nestas peripécias fantásticas por quais passa que se confronta com sucessíveis desgraças. Muitas das personagens passam pelas mais diversas torturas físicas e psíquicas e o mundo retratado é cruel e materialista. A sua amada Cunegundes e os filósofos Pangloss e Martin constituem as principais personagens, também elas desafortunadas pelas experiências terríveis por que passam. Também Cunegudes, o expoente de beleza feminina vem a ficar feia e disforme, desencantando o ingénuo Cândido. Só Cândido poderia acreditar nos ensinamentos de Pagloss de que vivíamos no melhor dos mundos possíveis.

Apesar de se poder ler sobre o lado da aventura, é um livro filosófico. Faz uma reflexão acerca do mundo, das concepções optimistas sobre o homem, da harmonia e da ordem no mundo, de que tudo corre sempre às mil maravilhas porque tudo está encadeado e acabará bem, já que há sempre uma causa para determinado efeito. É demolidor do cristianismo e dos seus representantes – a história está pejada de jesuítas, franciscanos e demais ordens religiosas. Voltaire conclui a obra com Cândido, se não rejeitando o optimismo, substituindo o mantra de Pangloss, “ tudo vai melhor no melhor dos mundos possíveis”, por um final curioso e enigmático “devemos cultivar o nosso jardim”.

Gostei muito de o ler, é muito divertido, é actual e percebi a referência paglossiana que o actual ministro das finanças fez a Sócrates e ao seu governo – tudo ia melhor no melhor dos mundos possíveis.

Kivi

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