quinta-feira, maio 08, 2008



A Conspiração Contra a América – Philip Roth

449 páginas lidas numa semana, porque é difícil parar de ler Philip Roth (pela preocupação com as personagens e porque se pararmos é complicado retomar a densidade da história). “A Conspiração Contra A América” relata uma realidade alternativa, sobre como seria a vida dos judeus nos EUA se Charles Lindbergh, um simpatizante do fascismo, vencesse Franklin Roosevelt nas eleições presidenciais de 1940. É caso para dizer que “se não aconteceu podia ter acontecido”, porque a capacidade inventiva de historiador de Roth é extraordinária. Seria fácil resvalar por um caminho mais fácil com uma imitação da situação dos judeus na Europa (não é preciso muita imaginação para voltar a escrever sobre as horríveis cenas a que os judeus se submeteram), mas não foi isso que Roth fez nem nada que se pareça. Roth criou uma situação perfeitamente verosímil em que os políticos agem como políticos, os americanos agem como americanos e as crianças agem como crianças. A história desenrola-se à volta da situação da família Roth, sob a perspectiva do assustadiço filho mais novo, Philip. É muito interessante a forma como lida com o primo Alvin, que entretanto resolve rebelar-se contra o governo de Lindbergh e combater contra Hitler pelo Canadá. Outras personagens muito importantes são o irmão Sandy, que leva uma “lavagem cerebral” pró-Lindbergh, o vizinho alheado Seldom, a traidora tia Evelyn e o jornalista anti-Lindbergh Walter Winchell. Passamos o livro muito preocupados com a família Roth, sempre à espera que o pior aconteça. Tememos que o pai perda as estribeiras e sofra por isso, que a mãe não repare no que está a acontecer aos seus filhos e que Sandy não acorde para a realidade dos factos. Obviamente que a maior preocupação é com a personagem Philip, que vive absolutamente confuso e assustado com tudo o que está a acontecer e sem conseguir encontrar o conforto nos adultos que o rodeiam.
“A Conspiração Contra a América” é assim uma história extraordinária contada por um dos melhores escritores da actualidade (para não dizer o melhor).

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