quinta-feira, janeiro 03, 2008



A nova Byblos

No fim-de-semana passada tivemos a oportunidade de conhecer a nova Byblos, logo a seguir à visita habitual da FNAC da baixa. A Byblos não fica nas Amoreiras, fica na rua de trás (tem de se atravessar a estrada).
O que tem a Byblos afinal?
Ao entrarmos na Byblos deparamo-nos com uma interessante zona de revistas, um bom começo de 4000 metros quadrados dedicados à literatura. Ao percorrer os dois andares entendi que afinal o espaço não é assim tão grande como eu estava à espera, não sei porquê aconteceu-me idealizar um espaço muito maior. Nas paredes encontramos a frase "O paraíso poderá ser uma espécie de livraria." Ao fim do corredor encontramos uma zona para crianças com um barco. Aliás, toda a livraria é family-friendly. Há espaço suficiente para andar com carrinhos de bebé, há uma pequena sala onde alguém conta a história de "O Pedro e o Lobo" para um conjunto de crianças. Depois comecei a reparar nos aspectos menos agradáveis. Talvez seja por estar ainda no início, mas nota-se uma grande falta de títulos considerados básicos no mundo da literatura. Alguns autores estão muito bem representados, com todos os seus livros , enquanto que outros estão muito esquecidos. Mesmo alguns livros que neste momento são best-sellers estão em falta (o "Expiação" de Ian McEwan estava esgotado). Alguns livros não estão bem arrumados (o "Beatles" de Lars Saabye Christensen está na secção de música, e não é um livro sobre música), enquanto que outros parece que estão arrumados em todo lado (como o livro do Ricardo Araújo Pereira). Também havia qualquer coisa que me surpreendeu com o livro "As Horas" de Michael Cunningham, mas já não me lembro o que era. Gosto de mesas dedicadas a um autor com todos os seus livros, mas irrita-me o desperdício de uma mesa com imensos exemplares do mesmo livro (O Rio das Flores). Também fiquei triste ao verificar que na Byblos também se vendem CD's (em número ridículo, mais valia não terem nada), DVD's, jogos de computador... Se eu fosse um livro sentir-me-ia tremendamente ofendido. Também penso que os peluches são desnecessários, mas se calhar é apenas a minha opinião. Se calhar a maioria das pessoas gosta de ver outras coisas sem ser os livros, para que a saturação pela loja não ocorra tão depressa. Não vi ninguém a utilizar os computadores (sem ser por mera curiosidade), acho que não vão ser muito úteis. Penso que vai ser sempre mais fácil perguntar ao funcionário, que ainda por cima diz logo onde se encontra o livro (nem todas as mesas estão identificadas com códigos de localização e haja paciência para andar à procura). Penso que seria mais útil se nos computadores fosse possível consultar o "universo" à volta do livro (sobre o autor, críticas, etc).
Espero que a Byblos seja um sucesso (como espero para todas as livrarias), mas temo que quem realmente se interesse pelos livros continue pela FNAC (preços mais convidativos, maior diversidade, menos destaque aos best-sellers). Quem se interessa apenas medianamente pelos livros se calhar acabará por optar pelas livrarias dentro dos centros comerciais, pela maior diversidade de lojas.

1 comentário:

ssachy disse...

O que se passava de surpreendente com o livro "As Horas", de Michael Cunningham, é que estava arrumado na secção de Literatura Gay!