segunda-feira, outubro 08, 2007



Quem Nos Faz Como Somos - J. L. Pio Abreu
É de novo a satisfação de ler um livro designadamente científico – é assim que Pio de Abreu entende e muito bem a ciência, e em que facilmente nos sentimos envolvidos. O livro é agora repartido em capítulos relativamente independentes. Não esquecer todavia de estar atento ao último capítulo. É assim que nos vai sendo descrito como somos determinados pelos nossos genes e pela cultura com um sistema alargado de representações sociais, de crenças, de signos, isto é de uma organização social essencial à nossa sobrevivência. O relato que faz das histórias de vida, naturalmente retiradas da prática clínica ilustram como as experiências vividas e sentidas passaram a condicionar o rumo tomado.
Escreve com graça e ironia, com pontos de atracção ao leitor. É uma reflexão ao nosso quotidiano, à invasão selvagem dos media, ao insólito das imagens da televisão que torna as pessoas dependentes de quem lhas fornece, enfim da irremediável cedência do espaço público ao espaço privado. As ofertas das identidades surgem como um perigo da nossa sociedade, por fanatismos míticos e tiranos, por mesmo identidades virtuais que os media transmitem aos consumidores isolados. Por tudo isso “ a labuta humana começa a ser uma luta pela identidade” (sic). Por isso a importância da aquisição de uma entidade ampla, que não abdica da informação e da crítica, nem da gestão equilibrada das diversas identidades e interesses. O homem é assim fruto de uma história civilizacional e biológica, que existe enquanto o outro existe e daí o grande espaço para a comunicação e a interação com os outros, da importância da relação presencial, do olhar nos olhos, do não deslumbramento com aquilo que os media produzem e da valorização da ligação à natureza.

E foi ontem que assisti à apresentação do livro pelo autor no fórum FNAC em Coimbra. Pio de Abreu esteve como eu esperava, pena foi que o público tenha sido pouco interventivo.

Kivi

1 comentário:

Noname disse...

Também já li o livro, mas apenas as partes que me interessavam, nomeadamente a da cultura. Considero o livro muito bem estruturado, embora para mim não tenha interesse toda aquela parte ligada ao genoma, porque não constitui grande novidade. É provavelmente um livro para outro tipo de público alvo.