quarta-feira, agosto 24, 2005

A Linha da Beleza - Alan Hollinghurst - Edições Asa - Man Booker Prize 2004

Não aguento mais.... desisti! Detesto quando isso acontece, mas a cada página que passava, pensava....não aguento mais... E ainda faltam tantas páginas... Que uma perda de tempo... E com tantos livros interessantes que me faltam ler! Definitivamente não é do meu género.

O livro relata a história de Nick Guest, um jovem que aceita passar uma temporada a casa de um amigo rico pertencente a uma familia politicamente poderosa em Kensington Gardens. O livro é escrito em ambiente formal, no tempo de Margaret Tatcher, em que cada personagem constitui um protótipo inglês da época. Há o pai bem humorado e requintado, a mãe das colunas sociais, a filha desiquilibrada cujo principal objectivo na vida é contrariar os pais escandalosamente, o menino rico bem comportado melhor-amigo-mas-quem-dera-que-fosse-mais; o namorado gay preto bem musculado inculto e básico.... Nick tenta adaptar-se a todas estas personagens, experimentado uma vida snob "emprestada" devido ao seu estatuto de amigo da casa pobre mas culto. Assim, como nos livros da Anita, "A Linha da Beleza" é uma série de sucessivas situações em tom de "crónica de costumes da época" ("Nick e o desejo sexual no cinema"; "Nick salva a amiguinha do suicídio"; "Nick e o empregado da festa VIP"; "Nick aprecia arte na mansão"; "Nick vai ao teatro", etc, etc, etc.
Então mas porque é que este livro terá ganho o Man Booker Prize de 2004? Pela sua inteligência, talvez. Cada frase dita pelas personagens nunca tem um significado óbvio, mas remete para a subtileza da época, com as ínumeras referências que lhe são imediatamente atribuídas (e aqui, dou os meus parabéns à excelente tradução portuguesa). Com este livro mergulhamos dentro da mente de cada personagem, não pelos seus pensamentos, uma vez que nos são vedados (só temos acesso a Nick) mas pelos seus gestos, palavras, atitudes.... O ambiente recriado também está tão bem encenado que quase que nos sentimos como intrusos atrás das cortinas daquelas grandes mansões. Outro aspecto interessante consiste na crítica subtil à moralidade de cada personagem, à arrogância e à escala de valores.
Aconselho vivamente este livro a quem não tem mais nada para ler ou a quem tem um fetiche pelos ambientes snobs e VIPs ingleses.

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