segunda-feira, outubro 23, 2006


V for Vendetta – Alan Moore - BD

Adaptado recentemente para o cinema, embora sem o apoio de Alan Moore devido ao desvio da história original, “V for Vendetta” mostra-nos uma Londres amnésica do seu passado que renuncia à liberdade como forma de sobrevivência de um pós-guerra avassalador. A personagem principal, que opta por representar a teatralidade como uma metáfora a tudo aquilo que a sociedade esqueceu, tem a inteligência, a capacidade e os meios que lhe permitem controlar e saber tudo o que se passa em Londres, vivendo num esconderijo que mais parece um memorial representativo de tudo o que já existiu e que as pessoas se esqueceram, como as rosas, a música, a arte e os quadros. Do outro lado conhecemos os líderes da cidade que se baseiam num sistema “big brother” com recurso à violência e eliminação de minorias e de indivíduos que tenham o atrevimento de tentar pensar (muito ao género de Orwell). V tenta tirar as pessoas da apatia e vingar-se do que anteriormente lhe fizeram, utilizando para isso a violência e a destruição. Quando conhece Evey, de 16 anos, abre-lhe os horizontes para que entenda que a sua ambição de conseguir uma vida normal seja arrasada pela impossibilidade de respirar numa cidade onde a liberdade não existe. V não tem nenhum discurso em que usa todas palavras começadas por V, antes fala por metáforas de referências literárias. As personagens secundárias a V são muito exploradas (ao contrário do filme, em que nem sequer é V que mata o chefão) e as suas atitudes desesperadas encaixam-se com o clima sombrio de toda a história.
Uma BD de culto.

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